O direito à saúde é garantido pela Constituição Federal de 1988 como um direito de todos e dever do Estado (art. 196). Na prática, isso significa que o cidadão pode — e deve — exigir do poder público acesso aos serviços, medicamentos e tratamentos necessários para preservar sua vida e sua dignidade.
Quando esse direito é violado, entra em cena a tutela jurisdicional, ou seja, a possibilidade de recorrer ao Poder Judiciário para obrigar o Estado a cumprir seu dever.
🧑⚖️ O que é a tutela jurisdicional?
Tutela jurisdicional é o mecanismo pelo qual o Judiciário garante a efetividade de um direito que foi desrespeitado. No caso da saúde, ela pode se manifestar por meio de:
- Ações judiciais individuais (por exemplo, para garantir fornecimento de medicamento);
- Ações civis públicas (quando há interesse coletivo envolvido);
- Mandados de segurança, habeas corpus ou habeas data, dependendo do caso.
Esses instrumentos permitem que o cidadão busque judicialmente tratamento, internação, exames, cirurgias, medicamentos, próteses e até transporte sanitário, caso haja recusa ou omissão por parte do SUS.
⚖️ Fundamentação Legal
Além do art. 196 da Constituição, a tutela do direito à saúde se apoia em diversos dispositivos:
- Art. 6º da CF – saúde como direito social;
- Art. 5º, XXXV da CF – acesso à Justiça para proteger qualquer direito;
- Lei nº 8.080/1990 – que organiza o SUS e define a integralidade do atendimento;
- Código de Defesa do Consumidor, quando se trata de planos de saúde;
- Estatutos específicos, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Estatuto do Idoso e o da Pessoa com Deficiência.
🏥 Quando acionar a Justiça?
Alguns exemplos de quando a tutela jurisdicional pode ser buscada:
- Falta de medicamentos de alto custo ou de uso contínuo;
- Recusa de atendimento médico especializado;
- Demora injustificada para realização de cirurgia ou exame urgente;
- Ausência de leitos, transporte sanitário ou equipamentos essenciais;
- Interrupção de tratamento em andamento.
Em muitos casos, é possível obter decisões liminares rápidas, garantindo o acesso imediato ao que for necessário para preservar a saúde e a vida.
👩⚖️ O papel da advocacia na defesa da saúde
O advogado tem papel essencial nesse processo: ele traduz a necessidade clínica em argumentos jurídicos, apresenta laudos médicos, fundamenta o pedido e acompanha a execução da decisão. Em tempos de crescente judicialização da saúde, é fundamental que a advocacia popular esteja preparada para atuar com sensibilidade e técnica.
Além disso, o advogado pode orientar o cidadão a buscar canais administrativos primeiro (como a Ouvidoria do SUS, o Ministério Público ou Defensorias), quando for o caso, antes de recorrer à via judicial.
✅ Conclusão
O direito à saúde não pode ser visto como um favor do Estado, mas como um dever constitucional e legal. Quando esse direito é negado, a Justiça se torna um instrumento legítimo para sua concretização.
Se você teve o acesso à saúde negado — seja atendimento, remédio ou tratamento — fale com um advogado. O SUS é uma conquista do povo brasileiro, e seus direitos devem ser respeitados.
Zepereu
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