A saúde bucal ainda é um dos aspectos mais negligenciados da saúde pública no Brasil. Embora o sorriso seja símbolo de autoestima, bem-estar e dignidade, milhões de brasileiros sequer têm acesso regular a um dentista. O resultado é alarmante: cáries não tratadas, extrações precoces, infecções, perda de dentes e impactos profundos na qualidade de vida.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 55% da população brasileira apresenta algum tipo de problema odontológico não tratado. Entre adultos e idosos, a situação é ainda mais crítica: muitos vivem com dor constante, mastigação comprometida e vergonha do próprio sorriso — uma condição que vai além da estética e afeta a saúde física e mental.
Apesar de o SUS oferecer serviços odontológicos, o acesso ainda é desigual e insuficiente. Postos de saúde sem profissionais ou sem materiais, longas filas de espera e atendimento limitado a situações emergenciais impedem a construção de uma cultura de prevenção. O que deveria ser rotina — escovação correta, limpeza periódica, orientação — se torna luxo para grande parte da população.
A negligência com a saúde bucal também revela as marcas da desigualdade social. Enquanto clínicas privadas oferecem serviços modernos e estéticos, nas periferias e zonas rurais ainda se convive com a lógica da extração como solução única. Crianças crescem sem orientação adequada, e idosos enfrentam o envelhecimento sem dentes e sem suporte.
Cuidar da saúde bucal é cuidar da dignidade. É garantir que cada pessoa possa sorrir, comer e se expressar sem dor ou constrangimento. Valorizar o acesso à odontologia preventiva é um passo fundamental para uma saúde pública verdadeiramente universal, integral e humanizada.
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