
O MÉDICO NO BRASIL DE HOJE
Em um país com profundas desigualdades sociais, o médico é muitas vezes o último elo entre o cidadão e o direito à vida. No Brasil, a profissão médica carrega um peso simbólico e prático enorme — é a personificação da esperança para milhões de brasileiros que enfrentam filas, esperas e, muitas vezes, o abandono do Estado.
No entanto, a realidade desses profissionais é marcada por desafios intensos. De acordo com dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), mais de 70% dos médicos atuam em jornadas extenuantes, acumulando plantões em diferentes unidades para conseguir manter sua renda. No setor público, são comuns os relatos de falta de medicamentos, equipamentos obsoletos e ausência de suporte psicológico.
Além disso, a crescente judicialização da medicina traz insegurança para o exercício da profissão. Em muitos casos, o médico precisa tomar decisões difíceis sem o suporte adequado, correndo o risco de ser responsabilizado individualmente por falhas que são, na verdade, estruturais.
Apesar disso, o profissional da saúde continua sendo um pilar essencial da sociedade. É quem segura a mão do paciente, quem comunica diagnósticos difíceis, quem salva vidas mesmo quando o sistema falha. É urgente que a valorização do médico vá além da retórica e se traduza em políticas públicas efetivas, infraestrutura digna e reconhecimento real.
A saúde pública brasileira não pode prescindir de seus médicos — mas eles também não podem continuar sendo heróis solitários. Precisam ser tratados como o que são: profissionais essenciais que merecem respeito, condições adequadas e voz ativa nas decisões que envolvem o sistema de saúde.
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